sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O mar a levou


Sara olhava o mar como se ali fosse chegada sua hora, momento sublime, era despedida de um tempo, fechamento de um ciclo de vida, ela estava desesperada para encontrar o vir a ser, estava livre das amarras de um passado pesado, e assim atirou-se ao mar. Que agonia, alguns minutos se debatendo em alto mar, dores e frio, mas nada lhe faria desistir, estava sendo tão doloroso, ela sentia-se como uma borboleta antes da transformação, sentia-se lagarta, com um corpo tão frágil, esticando-se para sair de um casulo apertado, saindo de uma fase dolorosa e confusa para entrar na fase que lhe faria alçar altos vôos, mas não era fácil sair do casulo, era preciso esperar o tempo certo, o tempo em que as asas estariam prontas. O tempo de dores e sofrimentos eram para fortalecer as asas coloridas que lhe fariam voar por novas experiências, para "novos mundos".
Estica o braço, dá fortes braçadas, finalmente  Sara se vê nadando com graça e força, ela estava deixando-se levar pelo mar e por suas fortes águas. Onde foram parar as dores e o frio? Já nem lembrava, sorria contente por estar ali, sentia-se ousada por tentar ser feliz. Ela estava satisfeita por ter abrido mão de uma comodidade que lhe faria infeliz, ela estava finalmente tendo contato com o novo, com o desconhecido, Sara estava sendo apresentada ao prazer de viver a vida exatamente como há muito deveria ser.

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