Todos os dias ele a esperava sentado na calçada da esquina, esperava ansioso pela hora em que ela passaria, lhe daria um sorriso, talvez até lhe dissesse olá, tudo em vão, era tempo perdido. Os tempos eram outros e tudo estava mudado, os sonhos; os assuntos; as lutas já eram outras.
Os objetivos haviam mudado, mas ele não compreendia que as coisas não permaneciam inalteradas até o fim, tudo está a se modificar o tempo todo e a todo instante. Não se pode negar que ele tentava (é bem verdade), mas era tanta saudade naquele peito, que ele acabava dizendo sim ao desejo de querer, não o amor, mas o desejo incontrolável pelo incerto, talvez não fossem as lembranças que o perturbavam tanto, mas as impossibilidades de um futuro que não aconteceu, e estava ali no presente, prestes a ser passado, esperando um vir a ser, nervoso e com as mãos suadas, esperando ela passar, mas ela não passou.