sábado, 28 de janeiro de 2012

EM CADA LIVRO UMA HISTÓRIA NOVA

 Ela abriu o livro novo e leu a primeira linha, parou e pensou: "A história é a mesma", repetiu a frase umas duas vezes para si, como que tentasse chegar a alguma conclusão antes de ler todo o livro, mas era teimosa demais; insistente demais; curiosa demais; tudo o que fazia era assim, ela gostava da intensidade das coisas e não conseguia parar até que soubesse do que se tratava, nunca gostou de histórias mal resolvidas, mal contadas ou contadas pela metade, ela era daquele tipo que se começavam a lhe contar algo não se podia desistir, pois ela insistiria para saber o fim da história, isso era coisa dela, e desse mesmo modo como gostava das histórias intensas, assim mesmo levava a vida, vivia por inteiro, talvez por isso fizesse tanta questão de levar a vida com muita calma, sem pressa (medo de sofrer? talvez, ninguém nunca teve certeza quanto a isso).
Mas dos livros não tinha medo e aquele livro era diferente, apesar de tanta semelhança com um livro antigo e querido que havia lido em um passado recente, e do qual ela não havia se conformado com o desfecho da história que se desenrolou sem que ela tivesse o controle. Odiava ser leitora por isso, ela não podia mudar o fim das histórias, "porque a história acaba assim e não desse outro jeito?", era a sua pergunta sempre que acabava de ler aquele bendito livro, e ficava a propor outros finais para a história, finais estes que ela julgava serem bem melhores que o final original.
Ela nunca aceitou que quem manda é o autor, nunca ela, nunca soube que existem forças maiores que a dela, mas não perdia a esperança e assim decidiu virar a página e começou a ler o novo livro, torcendo para que o final não fosse como o outro e sim o final desejado por ela.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Meu querer



Tu não sabes, mas desde que tu entraste em minha vida tudo está assim meio tumultuado, nada mais é como antes, pois o que era certeza agora é dúvida e o que era sonho, agora é como uma obrigação desastrosa.
Tu tens feito de minhas noites um festival de fantasias, e nelas tem de tudo, tem olhos vibrantes e pele macia; tem um sorriso de canto e danças tímidas; tem trocas de olhares e um pouco de música, tudo que te envolve é um tanto misterioso para mim.
Tu não sabes o que quero nem conheces os meus sonhos, mas tudo que eu penso envolve o teu sorriso e o teu corpo, que importa se tenho medo? Se eu quero ter contato com o desconhecido. 
Quero apenas desfalecer no teu abraço em uma manhã de domingo, eu quero teu sorriso em minha boca e tuas mãos entrelaçadas nas minhas, quero teu corpo sobre o meu. Quero tua entrega por inteiro, nunca pela metade.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A rua sem nome

Por tantas ruas que passei, só de uma nunca esqueço, aquela rua pequena e tênue que eu olhava da janela por horas e horas. A primeira vez que estive naquela rua deserta foi em tua companhia, mas quantas outras vezes estivemos só tu e eu naquela rua? Não saberia contar, parece-me que infinitas, assim mesmo como o tempo enquanto eu te esperava chegar, infinito tempo. 
Eu sempre pensava que o relógio tinha parado, e enquanto o tempo não se movia, assim como os ponteiros daquele relógio antigo, eu esperava, esperava e esperava. Ali da sacada eu fitava a rua ansiosa e imaginava tua roupa e o sorriso que me darias quando me avistasse ao dobrar a pequena rua, teus passos firmes que vinham na minha direção para se entregar a mim sempre fizeram meu coração disparar, e era sempre nesse momento que eu podia entender porque eu estava ali. Quando tu me olhavas tudo fazia sentido, eu esquecia os problemas e entendia como era bom viver agora que estavas perto de mim, nada mais importava, somente nós.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Arraigado

Ele anda devagar, com os olhos constantemente atentos para não perder nenhum movimento dela, cada gesto é importante, mas ela é sempre tão relutante com o sentimento que cresce por dentro, se enraizando com força e se fixando profundamente; ele vai se esticando e arrebentando com os resquícios de outras raízes antigas das quais as plantas já nem vivem.
Ah menina, não despreza esse desejo que ele ganha mais força e essa força toma forma de um corcel, contudo se assim desejas, negue e renegue o sentimento que não é só dele, tu bem sabes que esse sentimento nasceu em algum lugar desconhecido e foi crescendo até que se dividiu em dois, escolheu morar em dois corações, no dele e no teu.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Eterno no fim das contas


É aquele beijo roubado, seguido do corpo sedento que se joga sobre um outro corpo faminto, eterno são dois corpos se amando.
Assim como são eternos os primeiros passinhos de um menino sob o olhar atento de uma mãe que observa o filho conquistar, aprende e ensina a andar. Memória fixa, eternizada no coração de uma mulher que sabe o que é o amor.
É a mão estendida para ajudar o amigo que não sabe o que quer; encoraja; motiva; empurra. Eterno é a conversa cativante por telefone com alguém que tu amas.
Eterna é a espera desesperada por alguém que não chega, eterno é o tempo que não passa enquanto olhas o telefone que não toca.
Todas as noites de solidão e de companheirismo também são. E no fim das contas eterno são todos aqueles momentos minuciosamente arquivados em algum lugar dentro de ti, e não precisa durar para sempre, precisa ficar embutido; marcado; alojado no teu eu  para que tu nunca esqueças, aí sim será eterno pra ti, porque só as lembranças nunca serão tomadas, roubadas ou arrancadas, são tuas.

O teu olhar que não vejo, só sinto.

Tua voz é qualquer coisa parecida com uma música suave, tão doce, tão linda que desejo sempre ouvir.
Não sei o que houve e nem em que momento aconteceu, sei que foi assim, de repente algo que disseste me prendeu em ti, será que é por causa do teu jeito engraçado de inventar palavras novas? Ou por seres o melhor dos melhores em me fazer sentir que tenho vida correndo nas veias dentro de mim? Não sei, mas não importa porque contigo tudo é diferente,  e não quero estar em outro lugar se não nos teus pensamentos.
E não me importo com os livros que lês ou com as músicas que escutas, não me importo com o jeito como andas ou te moves, o importante sempre será estar contigo e conversar por longas horas decodificando cada som que tu emites, sentir que posso flutuar enquanto viajo no reflexo do teu olhar que não alcanço, não enxergo, mas de longe sinto sobre mim, a me fitar e me espreitar pelas esquinas da vida.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O Coração também chora.


Contra o silencio dessa tarde fria de domingo, um grito ritmado quer lançar para fora um som desesperado, é saudade, penso eu, controla-te coração abandonado que quem sofre sou eu.
E que outros seres estão agora a lamentar pela história interrompida assim como fazes agora pobre coração? Milhares, sussurra o vento pra mim.
Tu não sabes coração, mas nesse momento outros corações também choram pela ausência sentida .

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Mergulhar- te

Disseram-me que é proibido mergulhar neste mar desconhecido,
Onde eu me jogo sem medo e dele não quero muito.
Quero apenas sentir suas águas sobre minha pele, invadindo meus poros.
Mergulhar nesse mar é como descobrir novos mundos.
Mundos onde, a despeito de meus receios sobre o vir a ser, eu mergulho,
Pois  não tenho controle algum.
Posso sentir a força do vento a me empurrar
E não sei porque fico,
Num mar onde afogo a mim, 
somente a mim.
Apenas fico.

O tempo infinito

O poeta pensou:
Ah, se ao menos ela pudesse entender o que se passa entre o tempo e o infinito, entre a razão e a emoção,  é como uma carta que escrevo de frente para trás, e não se desenrola nem discorre, apenas fica a fluir entre a cabeça e o coração, subindo e descendo até formar um nó na minha garganta. 
Eu criei planos pra nós, mas Deus criou outros pra ela, ai quem me dera te ter só pra mim.
Seria tão bom se tu conhecesses o mundo que nasceria só pra nós.
Te entregaria minha vida, assim mesmo como tenho feito a esta noite solitária e nada terias que me dar, apenas um sorriso diário e um coração pra afagar.
Mas nós sabemos que não dá, um dia talvez, hoje não.