quinta-feira, 21 de junho de 2012

Idas e vindas.


Que ironia, mais alguém acaba de chegar de onde não queria ter voltado, são elas, as idas e vindas, o poeta havia dito "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", assim ela segue lenta e sem rumos, e voltando ao mesmo ponto de partida, como é irônica esta vida. No peito uma dor que só os desesperados conhecem, na memória as lembranças e nas mãos as malas, o moço dá sinal de partida, todos embarcam, alguém lhe sorri da janela, como se conhecesse aquele olhar triste e agora parecia que apenas ela tinha, em um esforço inútil ela tenta sorrir de volta, mas é tanta tristeza que não lhe sobram forças para fingir uma simpatia que lhe escapou no momento que fez as malas. Olhando para o nada, como se tivesse assim a chance de retornar por aquele chão de terra, ela observa a paisagem que vai se tornando distante, e tudo foi ficando embaçado aos seus olhos, apesar de ainda estarem tão nítidos em sua memória, tudo era tão contraditório naquele instante, como poderia partir se queria ficar? Mas ela mesmo respondia, silenciosa, fechando os olhos e pressionando aos mãos uma contra a outra, "não posso ficar, não posso ficar". Todos se perguntavam que motivos ela tinha para sair assim fugida no meio da tarde, despedindo-se apenas de duas pessoas, mas ninguém precisava saber, não importam os motivos, nunca importou a ninguém daquele lugar, há quem diga que foi por medo, ela estava desesperada de medo, quem olhava nos seus olhos poderia reconhecer a cor castanha do medo.
O motorista anuncia a primeira parada, ela desce correndo "irei voltar", mas novamente é tomada pela sua consciência, ela volta a sua poltrona, olha pela janela novamente, como se a estrada a chamasse de volta, mas ela sabe que tem coisas que precisam ser feitas por mais que não se queira, ela reflete por uns poucos segundos, vira-se e senta-se na poltrona, a viagem continua, hoje é dia de partir, amanhã quem sabe será o de voltar.

Para Uma Pessoa Especial.


Foi em uma rua deserta, num ponto de ônibus que tudo começou: Aproximou-se de mim uma moça alta de cabelos lisos, um sorriso cínico, parece que me conhece há anos de tanto que conversa comigo, até esqueço por uns minutos que tínhamos acabado de nos conhecer. E nos conhecemos assim meio que do nada, ela perguntou-me se eu aguardava a mesma lotação que ela, resposta positiva e pronto, não faltou mais nada para virarmos grandes amigas. Ali no ponto de ônibus, do nada, falávamos de tantas coisas, mas principalmente sobre a faculdade, assunto que tínhamos em comum, aliás único assunto em comum até então na verdade, lembro que eu falava da faculdade, ela falava da vida dela todinha para mim. E assim seguiram-se muitos dias, em que só nos víamos ali no ponto de ônibus e conversávamos até a nossa cidade (e a viagem era longa), semestre seguinte e uma surpresa, ela havia sido transferida para a minha faculdade, foi nessa época que nossa amizade fortaleceu-se, desde então passaram-se cinco anos.
E essa historinha resumida aí em cima, foi só pra explicitar como amizades verdadeiras podem surgir do nada e perdurar por um tudo, por um objetivo maior, por um afeto real e tão sincero, assim como a nossa amizade. Nada valeria a pena na minha vida se não fosse pelas pessoas que me cercam, essa minha amiga, é daquelas que não julga as bobagens que faço, ela ri comigo das tolices que fazemos e transforma em piada os nossos desafetos. Hoje essa garota que há tempos me cativa está fechando mais um ciclo de sua vida, um ano a mais de vida, e tudo começa diferente ou segue de modo quase igual, mas não importa, o importante é viver e aprender com a vida dia após dia, não importa o modo como vivemos, os erros que cometemos, ou se temos gostos e ideias diferentes sobre tantas coisas, talvez seja justamente isso que nos una, nossas diferenças, nosso confrontar de pensamentos, o resto são detalhes que vão ficando armazenados nas nossas memórias para se eternizarem em nós, assim como espero que a nossa amizade se eternize.
Feliz aniversário"my hot girl" (piadinha interna), eu só te quero bem!!!!

Após a partida...


Casa vazia, janelas fechadas, um chá frio sobre a mesa e um computador ligado, é assim que ela quer estar nesse momento. Sentindo no limite o que é essa solidão que lhe tomou por inteiro, mesmo quando está rodeada por tanta gente, um gole de chá que sente descer como se fosse algo sólido, lembrando dos amigos que partiram, saudade? Não se sabe, talvez ela esteja apenas refletindo sobre a necessidade deste vai e vem da vida, uns voltam e outros vão, nada fora do normal, tudo segue em paz.
Não fosse essa ideia fixa de querer ter o que não se pode, não fosse esse cálculo mal feito, matemática dos que amam, como se coração soubesse calcular alguma coisa e foi assim que tudo deu errado, foi por querer bem a quem não merecia, foi para preservar os que são comprometidos e definir limites que devem ser respeitados, foi por querer como amigo, a quem não te queria.
Ai menina, deixa disso, tolice  de quem partiu, desliga o computador e abre a janela, que sol aquecerá esse teu coração, quem vai volta se tiver motivos, e se não volta, a sorte é de quem fica.

quinta-feira, 14 de junho de 2012


Em um tempo obscuro e de caos total a respeito do que é o bom e o mau, entre mal e o bem, uma menina encontrou o que lhe salvaria, finalmente ela seria boa e faria um bem a alguém, tudo aconteceu quando em uma tarde vazia enquanto ela observava pela janela o mundo lá fora, quando, como que de presente (ou não), caiu ali na sua frente um passarinho pequeno de penugem mesclada de azul e preto lhe dava um colorido tão lindo, olhos cor de mel e um bico fininho da cor preta, só a pontinha tinha um tom de marrom. Prontamente ela saiu correndo para buscar o passarinho e lhe socorrer, juntou-o com todo cuidado para que não lhe machucasse, levou-o para dentro de casa, ficou com ele nas mãos observando por um tempo que na sua memória não foi tão longo, ela só estava tentando encontrar defeitos além daquelas asas machucadas, pobre passarinho, pensava ela sem parar.

Colocou o pequeno passarinho sobre a mesa e deu-lhe água e uns grãos de arroz, o passarinho parecia faminto, comeu tudo e parecia entender que a menina estava cuidando dele, ele a observava querendo agradecer de algum modo e a menina compreendia aquele olhar de agradecimento e o fitava de volta, sorrindo e cheia de satisfação por ter feito algo bom, colocou ele em uma caixa de sap.atos que ela  preferiu deixar aberta, em seguida pôs ali dentro uma garrafinha de água que ela havia cortado o lado, de modo que o passarinho pudesse beber a água sem dificuldades, e durante alguns dias ela deu amor, carinho e bastante atenção aquele pequeno e belo passarinho, e a afeição entre eles foi mútua a ponto de ficarem muito apegados, ele estava ali por necessidade e ela o tratava por puro prazer, sem sentir alguma obrigação, ela fazia por amor

Certo dia ela chegou em casa e viu que o seu amiguinho estava batendo as asas, então seus olhos se encheram de lágrimas, um misto de alegria e tristeza, era bom ver ele curado, mas ela sabia que seu amiguinho partiria, todo pássaro gosta de ser livre, é natural, então carregou ele em suas mãos pela última vez, sorria pra ele, com a intenção e a esperança de que pássaros tivessem memória e que aquele pequeno pássaro em especial pudesse guardar aquele sorriso dela, o sorriso da despedida. Ela soltou a mão de cima do passarinho e abriu bem a palma da mão que o carregava para que ele conseguisse bater suas asinhas e fosse livre novamente, ele a fitava carinhoso, seria impressão dela? Ou talvez o passarinho tivesse de fato um carinho por ela? Pelo jeito como ele lhe olhava eu arrisco dizer que sim, ele a estimava por tudo que ela lhe tinha feito, ela o amou tanto que queria que ele fosse livre e assim ela o soltou e ele voou.
Nunca mais se viram novamente.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O texto que não escrevi



Tentou desesperadamente formar uma primeira linha, um versinho simples que fosse, e sentindo uma necessidade absurda de se expressar com algo que ela não conseguia entender, um sentimento tão forte e estranho (desconhecido).
Foi assim que sentiu uma força se esticando dentro dela, e ela querendo algo a mais além de um jogo de palavras, virando e revirando-se por dentro, contorcendo-se por inteiro, mas não encontrou nada.  Havia um vazio nela, um vazio de tudo que lhe foi dito até aqui, como se as palavras não lhe bastassem.
Então sem encontrar palavras calou-se ante esse estranho sentimento que não lhe cabia, mas não queria sair e ir para o caderno ou as linhas seguintes, e procurando o verbo desconhecido que não chegava e insistia em fugir, amar ou querer, querer e não poder, seria o contrário? Tanto faz, sem as palavras nada seria, então ela fechou o blog e foi dormir. 

sábado, 2 de junho de 2012

Metade - Oswaldo Montenegro


Hoje nada fala mais por mim do que isto...

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.